Nicoly Quaresma

Desde pequena, aprendi a enxergar a realidade sob diferentes perspectivas. Mudar de cidade, trocar de escola com frequência e vivenciar contextos distintos me permitiu perceber algo que se repetia em todos os lugares: a sensação de impotência de muitas pessoas diante das injustiças e falta de conhecimento. Em casa, meus pais e familiares sempre diziam que gostariam de entender melhor as leis para poder se proteger e reivindicar seus direitos. Esse desejo foi, aos poucos, se tornando meu também. Ser a primeira da família a ingressar na universidade foi mais do que uma conquista pessoal – foi um compromisso com aqueles que nunca tiveram a chance de entender e acessar a justiça de forma plena. O Direito, para mim, sempre foi mais do que um curso; foi a possibilidade de mudar realidades.

Foi esse olhar atento para as dificuldades ao meu redor que, anos depois, me levou ao Direito Ambiental. Passei boa parte da infância no interior, em cidades como Gravatá e Bezerros, e cresci ouvindo histórias de produtores que enfrentavam dificuldades com embargos ambientais, maquinários apreendidos e processos administrativos. Mais tarde, morando em Aldeia, um bairro de Camaragibe, percebi que essa realidade não era exclusiva do interior. Vi obras e atividades paralisadas por mais de uma década, deixando famílias inteiras sem perspectiva. Aquilo despertou um sentimento de revolta e, ao mesmo tempo, um propósito: garantir segurança jurídica para quem produz e trabalha no campo.

Atuar nessa área me fascina justamente por essa possibilidade de transformar vidas. Muitos produtores enfrentam embargos ilegais ou processos que se arrastam por anos sem solução, impedindo o sustento de suas famílias. Reverter essas situações, devolver às pessoas o direito de continuar seus trabalhos e oferecer uma defesa técnica sólida são os desafios que me motivam diariamente. Além disso, a chance de restabelecer a guarda de animais apreendidos indevidamente pelos órgãos ambientais é outro aspecto que me toca profundamente. São casos que vão além de autos de infração – são vidas afetadas pela burocracia e pela má aplicação da lei. O dinamismo dessa área também me encanta. O Direito Ambiental está em constante evolução, exigindo atualização e estudo contínuo. Esse desafio me mantém sempre motivada.

Minha formação reflete esse compromisso com o aprendizado constante. Estou atualmente no último período da faculdade de Direito e já planejo minha especialização em Direito Ambiental e do Agronegócio. Desde os primeiros casos que atuei, percebi a importância de uma abordagem técnica e estratégica para garantir resultados positivos. Um dos momentos mais marcantes da minha trajetória foi um caso de embargo ambiental injusto. O atual proprietário de um imóvel rural estava impedido de explorar a terra devido a uma autuação de 2011 contra o antigo dono. O processo administrativo estava repleto de vícios, incluindo a prescrição quinquenal da pretensão punitiva, além que de o embargo foi imposto em área consolidada. Outro caso que me marcou envolvia uma pequena propriedade rural com atividade de subsistência, onde um senhor criava gado para produção de leite. O embargo prejudicava não só seu trabalho, mas a sobrevivência da família. Essas experiências reforçaram ainda mais meu propósito: garantir que produtores tenham segurança para exercer suas atividades sem medo de injustiças ou entraves indevidos.

Essa mesma dedicação à profissão também se reflete nos meus hábitos fora do trabalho. Na infância, morei em uma área de mata, onde o acesso à internet era limitado e a energia caía com frequência, me restando os livros e as trilhas. Foi nesse cenário que me apaixonei pela leitura, especialmente pela literatura clássica e pelo romantismo. Até hoje, ler me proporciona clareza mental e aprimora minha escrita jurídica. Além disso, caminhar ao ar livre e nadar sempre foram meus refúgios, e hoje compartilho esses momentos com meu cachorro. Esses hábitos refletem diretamente na minha atuação profissional. O exercício físico fortalece não apenas o corpo, mas a mente. A leitura constante me ajuda a construir peças processuais mais bem fundamentadas, garantindo clareza, coesão e estratégia – elementos essenciais para alcançar êxito na advocacia.

No fim das contas, o impacto que desejo causar na vida dos meus clientes vai além de simples vitórias jurídicas. Quero ser a profissional que traz respostas, que devolve a esperança e que mostra caminhos possíveis. As autuações indevidas e a demora na solução dos processos acarretam frustrações aos autuados. Meu papel é transformar essa angústia em segurança, oferecendo soluções ágeis e eficazes. Justiça, para mim, não é apenas uma ideia abstrata – é algo que deve ser sentido na vida real, no direito de continuar, de produzir e de crescer sem medo de penalidades injustas.

Não sigo um lema específico, mas um livro me marcou profundamente: 12 Regras para a Vida, de Jordan B. Peterson. Algumas regras, em especial, moldaram minha forma de ver o mundo. A primeira regra ensina que postura física e mental influenciam nossa confiança e determinação. A quarta regra me ensinou que devemos focar no autodesenvolvimento contínuo, comparando-nos com quem fomos ontem, para que sejamos melhores amanhã. A sexta reforça a importância de assumir responsabilidade por nossa própria vida. E a sétima mostra que a verdadeira realização vem do propósito e do enfrentamento de desafios significativos. Esses ensinamentos guiam minha trajetória, tanto pessoal quanto profissional.

Cada pessoa que confia em mim, cada caso que resolvo e cada injustiça que ajudo a combater são a prova de que vale a pena persistir. Seja atuando para desbloquear um embargo indevido, garantir a continuidade de uma atividade rural, anular multas ambientais ou reestabelecer a guarda, meu compromisso é sempre o mesmo: justiça com responsabilidade e estratégia. Afinal, defender quem produz é, acima de tudo, defender o desenvolvimento sustentável e o direito de seguir em frente.